As Doenças Mentais decorrem das Mudanças climáticas?
O alerta vermelho sobre a ocorrência dos eventos naturais extremos foi dado pelo IPCC, o que se fizer agora ou não definirá o grau de impacto na vida de 7,6 bilhões de pessoas no planeta. Atingimos uma época em que fica claro que, sem uma mudança drástica, nossa permanência no planeta, vão findar.
Na análise da percepção dos riscos para nosso planeta, o Fórum de Davos 2019 elaborou um relatório para os riscos globais, que diagnosticou um agravamento das mudanças climáticas, que afeta não somente as tensões econômicas entre países, mas traz um dado estarrecedor “estima-se que cerca de 700 milhões de pessoas do mundo apresentem problemas de ordem mental (depressão, por exemplo), provocados pelos novos contextos sociais, tecnológicos e do mundo do trabalho”.
O sentimento de falta de controle diante das incertezas do mundo, que, além de provocar o declínio da saúde e do bem-estar emocional, pode comprometer a coesão social da qual dependemos. Está ficando cada vez mais claro que a questão é antes ética do que científica. Vale dizer, a qualidade de nossas relações para com a natureza e para com a Casa Comum não eram e não são adequadas, antes, são destrutivas.
Estudos da psicologia, antropologia e sociologia demonstram que o isolamento social a que estamos cada vez mais nos submetendo (a chamada “epidemia da solidão”) os alarmes de que, quanto mais nos desconectarmos uns dos outros, mais doenças apareceram.
Não importa quão tecnológicos possamos estar: nosso cérebro vai continuar entendendo o isolamento social como um predador capaz de ameaçar a nossa existência e vai produzir a adrenalina que nos levará aos estados de alerta que vão, por consequência, nos causar ansiedade, pânico ou depressão.
Por que nos sentimos assim? Será que é porque também sentimos sozinhos para agir? Estamos sozinhos ou nos isolamos? Seja qual for a resposta, aceitar esse sentimento de solidão ou de isolamento não nos fará bem.
O que podemos fazer para viver melhor? Aristóteles afirma que todas as ações do homem convergem para uma finalidade que é o bem supremo, a Eudaimonia, que se traduz com frequência como “felicidade”, é uma felicidade autêntica que é o êxito ou valor supremo na vida de cada um.
O psicólogo Martin Seligman, precursor da corrente de psicologia positiva, destaca que a noção de felicidade duradoura está associada as pessoas que sabem naquilo que são boas ou quais são as suas fortalezas, desta forma conseguiam aplicar essas características a serviço de algo, ou alguém além de si mesmo – a família, a sociedade, a natureza, uma religião.
A inteligência espiritual diz respeito à nossa essência humana, `a inteligência coletiva que nos alerta a não buscarmos o isolamento social porque ele nos adoece individualmente e como sociedade. Estamos sempre talvez inconscientemente, alimentando a ideia de que alguém deveria fazer alguma coisa pelo bem-estar coletivo enquanto nós cuidamos do nosso bem-estar pessoal.
Nosso organismo produz a oxitocina, um “hormônio do amor”: quanto mais interações sociais e afetivas, mais nosso cérebro o produz e maior a sensação de bem-estar associada. Quando, ao contrário, diminuímos a sua produção (e o isolamento social é um bom caminho para essa diminuição), nos tornamos agressivos, ansiosos ou depressivos
É preciso nos permitir desligar periodicamente das nossas ocupações diárias, evitar o sofrimento antecipado diante dos problemas angustiante e reorientar nossos pensamentos para fazermos coisas que nos dê prazer. Busque ler algo que possa te ajudar a ter mais serenidade, tranquilidade, generosidade, flexibilidade, sensibilidade, coerência, ponderação, apoiar exemplos saudáveis. É preciso reservar um tempo para você aproveitar a vida, descansar, e, para contemplar o belo.
Não podemos ficar alheios a essa situação e permanecermos indiferentes diante das exigências éticas que a sociedade tecnológica deve assumir. Temos o dever ético de contribuir para evitar o perigo da agressão desenfreada ao meio ambiente, porque acabamos por destruir o que a Terra levou milhares de séculos para construir e o próprio homem torna insustentável a perpetuação da vida humana no planeta.
Haverá um futuro para a humanidade sim, se despertamos dentro de nós a consciência ambiental movida pela ética de cuidado com a nossa casa planetária. Nunca foi tão necessário nestes tempos refletir sobre as nossas necessidades mais básicas de qualidades humanas com relação a empatia, solidariedade e o sentimento de pertencermos a uma comunidade.
Referências bibliográficas:
VICHY Weston. Uma cura para o planeta e para nós in Sophia ano 19 n. 89.
GABRIEL, Fábio. Minutos de Reflexão São Paulo: Editora Lafonte,2018.
GRECCO, Celso. A decisão de que o mundo precisa. Gente editora, 2019.